Contatos

O carioca Philipe Fonseca e seu design que destaca a negritude e a ancestralidade de forma potente

‘Quis focar em algo que me diferenciasse no mercado. A resposta para isso estava na minha cara’, conta ele

Carioca de Vila Isabel, o designer Philipe Fonseca, de 30 anos, sempre foi um menino grande e forte que adorava praticar esportes e sonhava ser jogador de futebol. Mas, na hora de fazer a faculdade, decidiu cursar Desenho Industrial. Primeiro foi trabalhar em joalherias, passou pela Amsterdan Sauer e pela HStern, e teve de encontrar toda a delicadeza que um homem de 1,85m e 120 quilos pode ter. “Nas joias, a escala de erro é em milímetros, precisa ter uma atenção enorme. Esse olhar ao micro acabou sendo muito bom para mim e uso até hoje, independentemente do tamanho da peça”, conta ele.

Quando decidiu seguir carreira solo e criar sua assinatura, preferiu ir para o caminho do mobiliário e dos objetos. De cara, desenvolveu a garrafa do gim Amázzoni junto com o artista plástico e criador da bebida Alexandre Mazza. Depois, em 2019, se debruçou sobre a primeira peça com seu DNA: a poltrona Gorila. “Quis focar em algo que me diferenciasse no mercado. A resposta para isso estava na minha cara: cresci em uma família com uma identidade racial muito forte e, então, fui buscar na minha história a minha estética. Minha origem e herança são os fios condutores de todas as minhas obras”, conta ele, que se descreve como um afrocriador. “Faço design intuitivo, com ancestralidade e afrobrasilidade. Considero a poltrona Gorila uma extensão do que sou: negro, forte e também delicado. Sinto uma identificação muito grande com o animal, tenho até ele tatuado no braço. Quis transformar esse estigma negativo em uma afirmação positiva. É a minha peça-xodó.”

E assim Philipe seguiu criando o pufe Besouro (R$ 1.450), em homenagem ao famoso capoeirista baiano, o banco Fío (R$ 690), que é um desdobramento da Gorila (R$ 5.480), e a novidade, a cadeira Black (R$ 1.490), inspirada no penteado black power. “Todas as minhas peças são lançadas na cor preta. Depois, posso fazer as variações, mas a estreia é sempre nesta cor. Também tenho uma ligação muito forte com as religiões de matrizes africanas. Sou umbandista e vou fazer versões das cadeiras nas cores dos orixás”, adianta.

No Rio, o estúdio e showroom ficam no Xilo LAB, no Centro, e o designer tem pontos de venda também em São Paulo, na loja Refúgio, e em Brasília, na Galeria Olaria.

Um ótimo encontro entre ancestralidade e design.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *